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Educação para o desenvolvimento
João Carlos Medeiros Madail
Economista MSc.
O Brasil não consegue decolar num momento econômico internacional com tantas condições favoráveis. São muitos os argumentos na opinião de brasileiros que levam o país a marcar passos, enquanto concorrentes até a pouco com as mesmas dificuldades, figuram entre as principais potencias econômicas do século XXI. Ocorre que o Brasil carece de investimentos num segmento chave para o desenvolvimento, a educação básica. Para que o país construa uma economia próspera e uma democracia participativa é preciso que o povo seja educado. A educação sempre foi o alicerce do desenvolvimento das nações modernas, com registros de exemplos bem sucedidos na Inglaterra, na França, no Japão, na China e outros. Não há dúvida de que o investimento na educação desses povos resultou no sucesso econômico que alcançam hoje. Parece que no Brasil reina o propósito de manter o povo ignorante, como instrumento de controle. Entretanto, o mundo mudou com a abertura econômica e a educação é condição decisiva para a inserção do país nesse cenário competitivo, em que para os produtores de tecnologia como para seus consumidores, se exige cada vez mais conhecimento com competência. Enfrentar esse cenário com atitudes defensivas, como a reserva de mercado ou para a mão-de-obra nacional, só pode levar ao isolamento. A busca do desenvolvimento interno com as portas fechadas para o mundo não faz o menor sentido. A desqualificação educacional do brasileiro tem facilitado os investidores internacionais a buscar empreendimentos vorazes no consumo de energia e de matéria-prima, poluidores, pouco exigentes e avarentos com a mão-de-obra. No cenário mundial desse século, a sobrevivência econômica está intimamente ligada à competência da mão-de-obra e até dos consumidores, ou seja, da população inteira. Investir em educação com eficácia para todos, sem discriminação, no domínio de um idioma, das disciplinas quantitativas ou das ciências é condição indispensável do desenvolvimento econômico. O Brasil há muito vem prorrogando decisões de investir forte em ensino. A onda revolucionária liberal do século XVIII, não influenciou o país. A primeira experiência educacional brasileira foi trazida pelos jesuítas preocupados apenas em formar exércitos competentes para a defesa da colônia, pois o modelo econômico da época era extrativo, latifundiário e escravocrata, o que dispensava qualquer qualificação. No presente o Brasil está em enorme desvantagem em relação ao Primeiro Mundo. Para que 95% dos jovens brasileiros completem o 1º grau, no processo de ensino atual, ultrapassaríamos o ano 2100. Enquanto isso o país carece de trabalhadores com habilidades técnicas, que é exigência natural para quem pretende competir com vantagens, num cenário de vastas oportunidades, onde as poucas inovações tecnológica saídas dos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento são reflexos do nosso despreparo para ampliá-las e transforma-las em riqueza. Para um país ainda jovem como o Brasil, é possível que ainda haja tempo para iniciar a sua revolução educacional, mas sejamos rápidos porque as oportunidades que já se passaram não voltarão e as que estão para vir serão, com certeza, mais exigentes em sabedoria e qualidade.
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INVESTIMENTOS PESSOAIS EM TEMPOS DE JUROS BAIXOS
João Carlos Medeiros Madail
Econ. Vice-Presidente da AECONSUL.
No tempo dos meus avós se costumava dizer que “dinheiro chamava dinheiro”, ou seja, quem tinha muito dinheiro poderia aumentar a fortuna ainda mais, investindo em ativos com altas taxas de juros. Era comum o aplicador financeiro adormecer com um determinado valor e acordar mais rico, fruto dos altos rendimentos que a economia e o mercado ofereciam. Foi um período recente em que o país praticava taxas de juros estratosféricas muito distantes da realidade mundial. Como resultado atraiu investidores de todos os cantos do mundo, dispostos a se inserir num cenário tipicamente especulativo. Em janeiro de 1999 a taxa anual oficial de juros no Brasil era de 45%, desde então vem baixando, alcançando 7.25% até outubro de 2012, com perspectivas de se manter no mesmo nível até dezembro de 2012.
Na verdade os tempos são outros, com a redução da taxa básica de juros a vida dos investidores mudou ou pelo menos está mudando, está mais difícil e desagradável para quem costumava ganhar muito com aplicações seguras. Até que este cenário de baixos retornos em aplicações financeiras seja absorvido o corre-corre na busca das melhores alternativas vai continuar. Existem vários fundos cada um dos quais com suas regras e especificidades em ternos de retornos, taxas de administração, impostos etc. que, se não forem bem estudados, corre-se o risco da perda de patrimônio, ainda mais num cenário inflacionário, mesmo com índice considerado baixo.
É preciso que nos acostumemos a conviver com juros baixos, afinal este é o comportamento normal dos países em desenvolvimento e/ou desenvolvidos como caminha o Brasil e a mudança das regras de comportamento dos brasileiros-investidores ou do brasileiro comum se fazem necessário. Como na economia é difícil todos ganharem ao mesmo tempo, agora é hora do brasileiro comum que consome todo o salário que recebe a cada mês e encontra-se endividado por conta dos cartões de crédito, resolver as suas pendências financeiras. Com crédito barato, ficou mais fácil buscar financiamentos com juros mais baixos do que aqueles cobrados pelos saldos devedores dos cartões e regularizar suas vidas financeiras. Em relação aos investidores é bom lembrar que numa economia estabilizada, risco baixo significa retorno baixo, diferente do que ocorreu num passado recente em que os ganhos eram fáceis e não se precisava estudar com profundidade o mercado de capitais.
É bom, no entanto, que a gente vá se acostumando porque o cenário ainda não se completou. Ainda hoje, no Brasil os fundos atrelados à taxa Selic, definida pelo Banco Central é de 10,5%, considerada alta se comparada com os investidores chilenos que ganham 5%; os peruanos, 3%; e os americanos, tão somente 0,2%. Há que se ressaltar que a inflação nesses países é menor que no Brasil, o que impacta negativamente nos ganhos dos investidores brasileiros. Estudos realizados por economistas da Fundação Getúlio Vargas apontam que um milhão de investidores aplicam em fundos DI com taxa de administração superior a 1,5%, idêntica à inflação, ou seja, não ganham nem perdem, porém outros tantos permanecem em fundos que perdem da inflação. Para os investidores conservadores a melhor saída é optar por títulos com retornos aceitáveis atrelados à inflação.